Fico aqui tentando retirar a água que está lá no fundo do meu poço. Não consigo. Talvez seja a barreira de sentimentos que me cobre agora, um lado do muro que não está para o sol, mas para a sombra, cheia abrigo sem mormaço. Meus sentimentos estão alojados em cada tijolo, não são poucos.... e tem uns que ainda estou tentando colocar cimento em cima. Mas não há jeito, buracos não se tapam assim, moça. Estão martelando em mim, exigindo um novo reboque. Procuro pregos, martelo, e principalmente paredes, mas não acho a coragem. Ah, ainda falta a vontade... desejo a gente não controla, não é mestre de obra. Tem gente que exige que tenhamos sentimentos, e não sabem que a reciprocidade é o concreto mais caro, mais raro. Cuidado, construções desabam, me disseram! A minha desabou um dia, e o despertar da reconstrução ainda não me acordou. Estou adormecida por entre as poeiras deixadas da queda dos meu andares. Estou com medo de tudo cair por terra... a cerca elétrica do meu muro está ativada e meu coração está mais duro que uma pedra. Não está havendo doação.
sábado, 27 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
Ponta de iceberg
Lembrei de algumas datas passadas e pude ver o tanto de criança que ainda ficou em mim. Não reclamo, apenas sorrio. É engraçado ver o quanto as coisas amadurecem de um lado, e do outro lado permanecem verdes, imaturas... onde tudo floresce em passo de formiga. Como se houvesse sempre um casulo, um lagarto e uma borboleta a se formar, sempre e sempre. Nós. Eu gosto de ver esse ciclo em que a vida nos põe para sermos girados até pararmos no mesmo ponto, só que com mais bagagem a cada ida e volta. Retomo dizendo que águas novas rolaram no meu moinho e uma vez por outra me vejo como a garotinha de alguns anos atrás, intacta de algumas situações, engatinhando ainda. Faz parte... sou aprendiz! Só assim me aceitei como uma pontinha de iceberg - mostrando só minha metade e derretendo aos poucos. A outra metade é mistério, é surpresa. É tão escondida nos meus labirintos e rodopios, que até eu mesma me perco nas entrelinhas de ser eu.
“Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outros amores. E outras pessoas. E outras coisas.” (Caio Fernando)
“Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outros amores. E outras pessoas. E outras coisas.” (Caio Fernando)
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
São por essas...
Raimundo Fagner (cearense)
Zé Ramalho (paraibano)
Alceu Valença (pernambucano)
Luiz Gonzaga - Rei do Baião (paraibano)
Flávio José (paraibano)
... eu AMO o meu Nordeste!
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Bela e súbita
Aqui estou de novo, olhando pro meu espelho interno, infinitamente impenetrável. Grandioso, é assim que é lá dentro... lá dentro de mim! Gosto de tentar passar essa coisa incomunicável - adoro os 'in'. Hoje acordei parecendo que tinha alargado os espaços no meu interior. Vesti uma boa roupa, arrumei o cabelo. Me senti cem vezes mais bonita, me vesti bem por fora e por dentro. Curto sentir isso... sensação que a-d-o-r-a-r-i-a ser eterna. Mas é bela, rápida. Talvez eu tenha me amado um pouco mais que ontem, e me excluí da vida de "esmolinha", coisa pouca. Bom pra mim, hein? Por sinal, ótimo. Bom começo pra quem não enxerga o fim, mas apenas o recomeço de tudo que vê pela frente.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Revolta
Um post infeliz da usuária @mayarapetruso quando comentava sobre a vitória da presidenta eleita, Dilma Rousseff, sobre o ex-governador José Serra, desencadeou uma onda de protestos que prossegue no microblog Twitter. A jovem, que éestudante de direito, postou na noite de ontem, 31: "Nordestisto não é gente, faça um favor a Sp, mate um nordestino afogado!".
Por Andrea Grace
Não sou uma pessoa que costuma envolver-se em polêmicas ou declarar seus posicionamentos de forma ferrenha, pois acredito na palavra "Democracia" em toda a sua extensão e profundidade. Entretanto, diante de alguns - para não dizer centenas - de comentários que li via twitter, decidi escrever essa carta.
No último dia 31/10, dia em que o Brasil votou e elegeu a sua primeira presidente mulher - um avanço para o nosso país- os nordestinos foram extremamente desrespeitados e discriminados por terem sido os protagonistas do resultado eleitoral nacional. Comentários como "pessoas sem esclarecimento", "sem acesso a informação", "alienadas" foram difundidas, em pleno século XXI, apregoando uma ideia ridícula de segregação do norte e nordeste, em relação ao resto do país.
Para surpresa de alguns desinformados que twitaram tais absurdos, nós nordestinos conseguimos ler, fato que alguns julgaram impossível, pois acreditavam que no nordeste "ninguém sabia nem o que era twitter". Engraçado é que muitos nordestinos acessam o twitter, o orkut, o facebook e os seus blogs, a partir de notebooks, netbooks, Iphones e Smartphones que, pasmem, nós sabemos o que é cada ferramenta dessa e trabalhamos a ponto de ter acesso a comprá-los, inclusive através dos websites do sudeste. É... os correios também atendem à região nordeste...
Além disso, escrevo de uma cidade do interior paraibano (Campina Grande) situada entre as nove cidades tecnológicas do mundo, segundo a revista NewsWeek (vide:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=7202)., exportando tecnologia da informação para países, como Espanha, EUA e China.Ademais, somos a primeira cidade do Brasil a dominar a tecnologia do plantio de algodão colorido ecologicamente correto. Vivemos num estado, assim como todos, com uma indiscutível má distribuição de renda, fato que não impede que campus de universidades particulares e públicas ofereçam oportunidades de acesso ao ensino superior a todas as classes sociais.
Dentro dessa desigualdade social, ferida aberta em todos os grandes centros urbanos, vemos shoppings (é... nós temos shoppings no nordeste) oferecendo produtos que apenas uma parte da população pode ter acesso, contrastando com casas paupérrimas . Vemos as simples bicicletas, meio de transporte ultimamente eleito como o melhor para o meio ambiente, disputarem espaço com grandes carros de empresas estrangeiras, a exemplo da Hyndai, Honda, Kya, bem como com carros mais populares, produzidos pela Fiat, Chevrolet, e Volkswagen. É... aqui já faz algum tempo que a carroça deixou de ser o principal meio de transporte.
O que mais me assusta é que, diante de pessoas que se declaram tão superiores e esclarecidas, nós nordestinos demonstramos mais poder de decisão e escolha, pois não nos guiamos pelas opiniões alienantes e oligárquicas difundidas pelos principais meios de comunicação nacional. Fato que também deve estarrecer os mais desinformados, pois nós aqui temos televisão, inclusive de plasma, LCD e de LED, e recebemos os sinais das principais redes de televisões do Brasil, sem falar que nos mantemos informados também através de tvs à cabo - mais de uma empresa? - pois é... isso pode ser um tanto quanto impactante para alguns habitantes da parte inferior do nosso mapa brasileiro.
O que observamos é que o Brasil, nesses últimos quatro anos, assistiu a uma expansão do ensino superior, a uma diminuição da miserabilidade do país, a uma estabilidade econômica e a uma descentralização da distribuição de recursos federais, e isso foi determinante, acredito eu, para a escolha verificada com tanta revolta por alguns. A demagogia, o autoritarismo, os sorrisos forçados, a imagem da oligarquia não satisfaz mais a um povo que já sofreu muito com a falta de um olhar de credibilidade para a nossa região.
E para aqueles que não acompanharam muito de perto os resultados eleitorais por região, os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, localizados na região Sudeste, também elegeram a candidata petista.
Apesar da grande votação da candidata petista na região nordeste, essa decisão não foi tão unâmime como todos pensam, pois em Campina Grande, repito, na Paraíba, o candidato José Serra teve mais de 60% dos votos. O que prova que democracia é uma palavra que, além de exigir respeito, é imprevisível.
Por tudo isso, venho com todo o meu sentimento de pesar, pelos comentários lidos, não defender um candidato ou outro, mas defender o povo nordestino que possui o direito de votar, bem como todas as demais regiões possui, e esclarecer, àqueles que acreditam em sua superioridade de reflexão e tomada de decisões, que os nordestinos não são a escória do Brasil, mas que contribuímos economicamente com o nosso país e merecemos receber em troca investimento e respeito.
Aconselho também, a tais pessoas e às que pensam como elas, a conhecer o Brasil como um todo, antes de denegrir as pessoas, baseados em informações frágeis e opiniões preconceituosas. Quem não conhece o nordeste, não acredite em tudo que é veiculado pela televisão: venha aqui e se encante.
Andrea Grace
(Nordestina, paraibana e mestranda em letras
A coisa mais fina do mundo
Não que eu esteja ferida... magoada ainda, mas tem coisa aqui dentro que incomoda demais. Talvez esse vestido velho que vesti foi desnecessário, ou o que revirei, levantou poeira. Esqueci de me despir dessas fantasias e de me desligar dos fantasmas pretéritos. Mas o que posso fazer além de querer e desejar? Essa vontade incontrolável me perturba e depois que a música para de tocar, lá vai eu querendo dançar numa pista escorregadia. A vida vem e me pergunta: - Mas cair de novo? E você não aprendeu a lição, sua moça? Eu respondo: - Mas que droga! Sou apenas um animal sentimental... ah! Deixa eu ser? Só um pouquinho...
Esse reviver típico de um serzinho chamado "humano" com um slogan "a carne é fraca!".
(Adélia Prado)
Esse reviver típico de um serzinho chamado "humano" com um slogan "a carne é fraca!".
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.
(Adélia Prado)
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