sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cultuando o "inculto"

No meio da agonia da final e enrolada em apostilas e mais apostilas de Língua Portuguesa, parei pra pensar em um dos assuntos abordados pela professora, que se encontrava em uma das apostilas da prova. Digo que esse tema poderia ser mais exaltado, e começo por mim... Bem, me refiro à "norma culta" da língua portuguesa, encontrada na gramática tradiciona-líssima. Posso começar dizendo que esta gramática tão valorizada pela alta sociedade e pelas escolas, está baseada na Literatura Antiga - ultrapassada e meia. Mas quem disse que as regras construídas a partir dessa época são as únicas corretas? Por que a valorização exarcebada de algo que foi conservado em uma "redoma" e que nem as pessoas cultas usam por completo as infinitas regras impostas? Quero entender, simplesmente, com que bases grandes ou "clássicos" da gramática se disseram os "senhores" da verdade absoluta... Por que 'norma culta'? Seria a norma utilizada apenas pelas pessoas cultas, que remete à parte 'limpa' da sociedade? E o antônimo ferido dessa palavra? Inculto? Sim... é assim que é classificado o indivíduo que estiver fora dos padrões estabelecidos... É um absurdo, mas é verdade! Com essa vista unilateral e parcial da língua, a gramática normativa deixa de enxergar as variedades linguísticas e as oralidades distintas para cada comunidade, estreitando a fala e escrita 'certas' para os privilegiados. Mas esse valor imposto pela Igreja, decorrente do latim, fica difícil de ser mudado pois tudo que é dito pelos 'grandões' da sociedade disfarçada, acaba se tornando normal e correto. Só assim, podemos cada vez mais dividir as pessoas através de sua oralidade, juntamente com a comunidade a qual ela está inserida. Só assim, nos satisfazemos e nos vangloriamos como super-letrados, corrigindo as pessoas com argumentos que nem sequer sabemos ser os mais pertinentes. É preciso olhar o evento da fala dentro do contexto social de cada um, e não simplesmente estigmatizar pela unicidade da língua.

Aceite o diferente, diga sim a diversidade linguística brasileira!

"Para entrar na alta sociedade, hoje em dia, é preciso comprazer às pessoas ou saber diverti-las, ou escandalizá-las; basta isso." (Oscar Wilde)

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