quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O sol

Girei na roleta meus desejos rapidamente, dentro de poucos dias. Reparei datas, vi que foram tão curtas quanto a minha vontade de descobrir quem sou eu. Não me preocupo tanto em achar a resposta, pois sei que este enigma não tem analista que acerte, nem mudança que defina. Estive mais tranquila... peguei-me olhando pro mar com a tamanha imensidão do mesmo. Parecia câmera lenta, observando cada detalhe daquele azulão profundo, coberto pela sombra das nuvens. Meus pensamentos nadaram como os peixinhos que estão lá dentro... respirei a brisa, retirei a areia do corpo, tomei banho de sal e pulei ondinhas que me bateram com força. Peguei no meu coração como quem pega numa estrela do mar, trazida pela água. Percebi seus eixos e vi que faltava um pedacinho, e era justo ali que mais doía. Voltei pela estrada quente, de longe vi uma miragem... aquele fenômeno da pista molhada e comparei com alguém, com um sentimento. Repeti num só eco: "Você foi como uma miragem... de longe pensei que era verdade, mas quando cheguei perto... não era nada." Minha tristeza não é tão exata, pois mudo, subo e desço tão frequente como o sol de todos os dias. É isso, sou um dublê do sol. Caminhei vagamente até encontrar uma posição legal para assistir o sol se pondo. Pensei na vida, nas pessoas e no fim das coisas que nos cerca. Fim: algo tão óbvio e tão chocante ao mesmo tempo. É difícil aceitar que tudo que principia, um dia tem que acabar... e me refiro a tudo nessa vida. O sol mais uma vez mexe comigo e um pensamento positivo rodeia minha cabeça, raiando meus princípios... No outro dia, sentada na varanda ao som das ondas, o sol veio me avisar que está ali de novo e que o ciclo nunca se acaba, confirmando que para todo fim, um recomeço, uma nova chance de fazer diferente. Respirei aliviada, enxerguei um novo horizonte bem acima do mar e me senti um peixinho a nadar pro fundo, leve e solta.